RESENHA | O DIÁRIO DE ANNE FRANK – ANNE FRANK

Vocês tem ideia do que é passar a adolescência (leiam essa palavra como se fosse um letreiro de neon) escondida em um Anexo com 7 pessoas, das quais a maioria você não se dá bem? Ou, no caso, vivem brigando e te julgando (difícil saber até que ponto é verdade)? Tem ideia do que é viver 4 anos com medo de ser descoberta pelos Alemães, passar fome e outras necessidades, viver sob intenso sons de bombardeios e notícias ruins?

Não, tenho certeza que você não tem! (Graças à Deus ??)

Esse livro é do gênero (acho que posso chamar assim) epistolar – ou seja, todo escrito em cartas. – É um relato verídico sobre a sobrevivência de Anne Frank, uma garota judia, de 12 a 15 anos (tempo em que tudo é narrado), e sua família, que fizeram parte da História do Mundo. Digo sobrevivência porque aquilo em que eles passaram não era viver, e sim sobreviver!

 

Anne Frank escreve em seu diário toda a rotina que ela tinha no Anexo, todo o sentimento que transbordava em seu coração – seja ele bom ou ruim – todas suas angústias e desejos. Eu me identifiquei muito com o temperamento da Anne, ~sintam-se chocados ?~ tirando as partes em que ela odeia a mãe. Eu pude sentir através dela, o que é passar pela adolescência e não poder extravasar seus hormônios – que estão sempre a flor da pele – , somados a todo o desespero de viver em meio à Guerra. Anne foi uma garota extremamente especial e muito a frente do seu tempo, com muitos pensamentos feminista também, o que é sensacional! Não existe coisa melhor do que uma garota, na década de 40 dizer uma coisa dessas:

                               TERÇA-FEIRA, 13 DE JUNHO DE 1944

Uma das muitas perguntas que me incomodam é por que as mulheres eram, e ainda são, como inferiores aos homens. É facil dizer que isso é injusto, mas não basta; realmente gostaria de saber o motivo dessa grande injustiça!
Aparentemente os homens dominam as mulheres desde o inicio por causa da força física; são os homens que ganham a vida, geram crianças e fazem o que querem… Até bem pouco tempo, as mulheres aceitavam isso em silêncio, o que era algo estúpido, ja que, quanto mais as coisas demoram a mudar, mais estranhas ficam. Ainda bem que a educação, o trabalho e o progresso abriram os olhos das mulheres. Em muitos países, elas adquiriram direitos iguais; muitas pessoas, principalmente mulheres, e tambem homens, percebem agora como é errado tolerar essa situação durante tanto tempo. As mulheres modernas querem o direito de ser completamente independentes.
Mas não é só isso. As mulheres devem ser respeitadas também! Falando em termos gerais, os homens são mais valorizados em todas as partes do mundo; então, porque as mulheres não devem ter a sua cota de respeito? Soldados e heróis de guerra são homenageados e condecorados, esploradores recebem fama imortal, mártires são reverenciados, mas quantas pessoas veem as mulheres também como soldados?
No livro Men Against Death, fiquei chocada com o fato de que somente com o parto a mulher costuma sofrer mais dor, doenças e infortunios do que qualquer herói de guerra. E o que ela recebe por suportar toda essa dor? É jogada para o lado quando é desfigurada pelos partos, os filhos logo vão embora, a beleza desaparece. As mulheres, seres que sofrem e suportam a dor para garantir a continuação de toda raça humana, seriam soldados muito mais corajosos do que todos aqueles heróis falastrões lutadores pela liberdade postos juntos.
Não quero sugerir que as mulheres devem parar de ter filhos; pelo contrario, a natureza lhes deu essa tarefa, e é assim que deve ser. O que condeno é nosso sistema de valores e os homens que não reconhecem como é grande, difícil, mas lindo, o papel da mulher na sociedade.
Concordo totalmente com Paul de Kruif, autor desse livro, quando diz que os homens devem aprender a não pensar mais no nascimento como uma coisa inevitável nas partes do mundo que consideramos civilizados. Para os homens é facil falar – eles não suportão nem terão de suportar os fardos da mulher!
Acredito que no decorrer do próximo século, a ideia de que é dever da mulher ter filhos mudará e abrirá caminho para o respeito e a admiração a todas as mulheres, que carregam seus fardos sem reclamar e sem um monte de palavras pomposas!
                                  Sua Anne M. Frank

 

Ela também relata várias passagens e acontecimentos da Guerra, o que deixa o livro ainda mais incrível!

Confesso que algumas vezes fiquei entediada com seus relatos diários, mas nada como uma persistência e um novo acontecimento para fazer tudo fluir novamente.

Indico muito esse livro para quem gosta do tema Segunda Guerra, alem de não ser apelativo, e não causar espanto com relatos da crueldade que os Judeus sofriam. É um livro excelente e cheio de cultura!

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Este post tem 2 comentários

  1. Viviane Oliveira

    Que resenha linda! Esse livro é especial mesmo.
    Eu li bem nova e nunca me esqueci das sensações da leitura.
    Anne era mesmo a frente do tempo.

    osenhordoslivrosblog.wordpress.com

  2. Monyque Evelyn

    Uma leitura muito válida acredito, está na minha lista. Uma ótima resenha 😀

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